Dez lições que aprendi com a minha jornada minimalista

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Há pouco mais de 6 meses, dei início à minha jornada dentro do universo minimalista. Foi uma jornada difícil, cheia de percalços e decisões a serem tomadas, mas que no final acabou me gerando um início de paz e tranquilidade que eu estava desejando há meses.

Com o minimalismo, consegui aprender as mais diversas lições. Desde viver mais feliz possuindo menos, até peitar as pessoas que amamos para buscar aquilo que é nosso sonho, as lições que passamos a ter a medida em que avançamos nessa jornada são lições valiosíssimas, não importa o quão pobre ou rico, doente ou saudável você seja.

Seguem abaixo dez coisas que aprendi nessa jornada.

1) Ter experiências, não coisas

Por sempre ter gostado de viajar, aprendi a valorizar a busca por ter novas experiências ao invés da busca por coisas. Conhecer novas pessoas, dar entrevistas em uma rádio, fazer inscrições em times de poker (minha paixão como esporte) foram algumas das decisões que tomei após ter lido sobre o que o minimalismo realmente significa: a busca pelos nossos sonhos e por uma melhor qualidade de vida. Valoriza as experiências que obtive foi o primeiro ensinamento que apreendi nesse processo.

2) É possível amar algo sem precisar “possuir” aquilo

Eu amo livros. Não consigo ficar um dia sem uma boa leitura – leio pelo menos 30 páginas por dia – e sempre gostei de ter grandes quantidades de livros em casa. No entanto, comecei a perceber que não valia a pena ter uma biblioteca física ocupando espaço em casa e dificultando a limpeza. Foi quando conheci o Kindle, e também o Kindle Unilimited (serviço da Amazon que permite o acesso a milhares de livros pagando 20 reais por mês). Desde então, nunca mais comprei nenhum livro físico.

Com isso, aprendi que não precisamos possuir algo fisicamente para continuar sendo fã daquilo. Eu não preciso ter um CD físico do Iron Maiden para ser fã da banda, tampouco possuir um dos “tijolos” da coleção de Game of Thrones para ser fã da série. E isso se aplica a qualquer item em nossas vidas. É o conceito de economia compartilhada: o consumir ao invés do ter.

3) O dinheiro deve trabalhar para nós, e não o contrário

Minimalismo também se aplica às nossas finanças. Nós, brasileiros, temos a cultura de trabalhar por um salário no fim do mês para, assim, pagarmos as contas no início do mês seguinte. E assim ficamos escravos não só dos nossos empregos, mas também do dinheiro que recebemos, tudo por um simples motivo: não saber investir.

Quando aprendemos a consumir menos, economizamos mais dinheiro. Quando economizamos mais dinheiro, aprendemos a investir melhor. E ao aprender a investir, mudamos o jogo da vida: fazemos o dinheiro trabalhar para nossa conta, gerando mais e mais dinheiro através da matemática dos juros compostos. E esse é o segredo para gerar mais fontes de renda e enriquecer: ter uma cultura de make money (fazer dinheiro).

4) Fazer aquilo que amamos, mesmo ganhando pouco

“Faça algo que você ama” já é um dos clichês mais batidos da vida; e por isso mesmo, continua tão verdadeiro. Mas o que fazer quando aquilo que amamos não nos dá o retorno financeiro esperado, pelo menos no curto/médio prazo?

Devemos aplicar as regras do ponto 3 e continuar prosperando. Fazer algo com o que nos identificamos é a principal condição para que o dinheiro comece a fluir no longo prazo. Mesmo que as vezes possa parecer que esse momento não chegará, não desanime. Encontrar um trabalho apenas pelo alto valor do salário não só irá lhe trazer frustrações emocionais, mas fará com que você possa ter um péssimo desempenho, o que não é nada bom para a imagem de um profissional.

Por outro lado, mostrar a competência que temos em algo que gostamos, mesmo não sendo um trabalho bem remunerado, irá abrir oportunidades amplas de trabalho e fará com que o valor de mercado do profissional só aumente.

5) Mudar nunca foi tão fácil

Imagine que você precise se mudar da casa ou apartamento onde mora. Qual é a sua primeira sensação ao pensar no processo de mudança?

Se, assim como eu, você sentir alívio e despreocupação, então parabéns! Você entendeu o principal benefício material do minimalismo, que é não ter peso para carregar. Quem não tem peso voa com mais facilidade, graça e mais alto, além de poder ir cada vez mais longe sem se preocupar com o que deixará para trás.

6) Priorizar nossos sonhos

Qual seu maior sonho? O que você precisa para realizá-lo? E por que você está adiando tanto o início do caminho para conquistar isso?

Ao ter uma vida mais simples, abrimos o leque de ação para conquistar tudo sem o qual realmente não podemos viver sem. Seja aquela viagem, emprego ou morar em um iate, deixamos tudo de lado (pressão familiar, dificuldades financeiras) e partimos para o que importa: como tornarei realidade aquilo em que penso 24 horas por dia?

O pequeno passo do minimalismo é o início dessa jornada vencedora.

7) Ter menos coisas com as quais se preocupar na limpeza

A mesma pergunta que fiz no ponto 5, sobre mudança, também vale para a limpeza de rotina. Ao pensar em ter que arrumar a casa, qual o seu primeiro pensamento?

Ter uma casa com menos itens faz com que possamos economizar tempo na arrumação, tempo que podemos usar fazer um curso, aprendendo um novo hobby ou simplesmente indo correr na praia. Além disso, ter menos itens torna a limpeza da casa uma verdadeira terapia, algo que, por mais paradoxal que pareça, relaxa a mente e faz com que o processo seja cada vez mais divertido.

8) Parar de dar tanta relevância a presentes

Não que eu não goste de receber presentes, mas já fui o tipo de pessoa que ligava apenas para isso. Não havia um só aniversário no qual eu não pedisse aos meus pais por presentes.

Consequentemente, ignorava aquilo que era valioso de verdade: a companhia das duas pessoas que eu mais amo.

Foi por isso que passei a recusar qualquer forma de presente, ou mesmo a pedir isso. Sempre que alguém me dá uma indicação de que pretende me dar algum presente, peço coisas como um cupom de desconto para restaurantes japoneses (amo sushi) ou peço doações para alguma ONG com a qual contribuo. Coisas mais simples e muito mais gratificantes do que acumular coisas no meu quarto.

9) Maior foco e produtividade

Embora hoje eu possua um nível de produtividade diária bem abaixo do que eu realmente gostaria, há menos de 2 meses ele era muito pior do que é hoje. E isso é o maior avanço que vejo no meu processo de adesão ao minimalismo.

Desde então, consegui realizar coisas como traduzir meu primeiro livro, criar este blog, realizar entrevistas em rádios da minha cidade e voltar a escrever textos sobre finanças pessoais. Além de ir atrás do meu sonho de me tornar jogador de poker, algo que gostaria desde 2015. Tudo isso graças à eliminação de hábitos nocivos, que me deu mais energia para focar em assuntos de real importância.

Até mesmo nas redes sociais, principais vilãs de qualquer boa performance, o minimalismo dominou. Passei a seguir perfis de assuntos que realmente me importam, como finanças, tecnologia e poker. Sigo menos perfis, mas melhorei na qualidade dos acessos. Um excelente início de avanço.

10) Ter mais amor próprio

Uma coisa que demorei a ter, o amor próprio é fundamental se você deseja ter qualquer outra coisa que foi citada nessa lista. Afinal, alguém que não ame a si próprio dificilmente irá despertar o respeito e a confiança de qualquer outra pessoa.

No meu caso, eu sempre deixei pela metade qualquer coisa que tentava realizar. Em termos de relacionamentos, pior ainda. Ter pouco contato com a minha família me fez mal em todos os demais aspectos, a ponto de eu não conseguir manter nenhum outro tipo de relacionamento que seja duradouro.

Com o minimalismo, decidi focar nos relacionamentos que me importam e também em focar na busca do que desejo. Ser um jogador profissional de poker ou trabalhar com criptomoedas podem parecer loucura para a maioria das pessoas. Para muitos familiares meus, é mesmo. E eles sempre vão tentar convencer a escolher o que eles acham melhor para nós. Porém, devemos ter o nosso amor próprio e bater o pé no que realmente queremos. Isso não apenas irá nos trazer a verdadeira felicidade, como trará o respeito daqueles que tentaram nos dissuadir.

Autor: Luciano Rocha

Estudante de Psicologia, consultor financeiro e jogador de poker. Após um 2016 bastante difícil – movido a perdas financeiras sérias e o fim de um relacionamento – precisei de uma mudança inesperada e indesejada de cidade. Durante a arrumação das coisas da mudança, percebi que possuía vários bens aos quais não tinha mais nenhum apego, fosse emocional ou físico. Em alguns dias me desfiz de 90% dos meus livros, CDs e DVDs antigos, entre vendas, doações e simplesmente jogar fora. O sentimento de libertação foi imediato! ​A partir disso, passei a estudar cada vez mais sobre minimalismo. Fiz vários desafios, leituras e pesquisas, até que vi o documentário “Minimalists” na Netflix. A partir daí passei a fazer ainda mais pesquisas e iniciei a minha adesão ao estilo minimalista. Desde então consegui meu objetivo: obter liberdade de locomoção compactando os meus bens em uma mala e uma mochila. Foi com o objetivo de passar um pouco da minha experiência para outras pessoas que resolvi criar o blog. Portanto, sejam todos bem vindos!

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